Vontades de escrever um conto. Mas esse conto contaria tanto que é melhor nem ser escrito, ficar perdido em uma só mente até ter seu desfecho. Ou não ter desfecho, ficar em aberto até o esquecimento. Daqui a pouco as duas frases de impacto já elaboradas vão se misturar, e se perder, e se tornar apenas palavras sem conexão até que nem mais as palavras tenham algo a ver com o contexto. E nem mais o contexto tenha a ver com o escritor. Que nesse momento poderia escrever o conto, mas não teria mais motivos, nem frases, nem palavras, nem letras. Nem inspiração. O conto está morto e sepultado mesmo antes de nascer. Nesse exato momento milhares de outros escritores, famosos ou anônimos, escrevem milhares de outros contos. Um a mais, um a menos, se não for incrivelmente genial e brilhante, não faz diferença.
Vontades de escrever qualquer coisa. Aí está qualquer coisa, inofensiva como deve ser.