Dizem que a vantagem da música instrumental é que não tem uma letra pra restringir as suas possibilidades. Você escuta e pensa o que quiser, ou não pensa, sei lá. Simplesmente sente. Essa é uma vantagem também de músicas em outras línguas. Não precisa se preocupar se o que está sendo dito é a maior besteira do mundo ou se é algo interessante. Até porque é muito difícil alguém conseguir fazer letra e música realmente boas e que combinem perfeitamente entre si. Muitas vezes escuto uma música em inglês e sinto uma coisa, depois que vou traduzir vejo que a letra é completamente diferente do sentimento. Não por culpa da banda, mas um som passa diferentes sensações para diferentes pessoas. Tem gente que se diverte demais ouvindo forró, por exemplo. Voltando: a música perde parte de seu encanto quando a letra não bate com a imagem que surgiu através dos sons (entendeu?). Daí alguém diz que tal música traz felicidade. O outro retruca: mas como, se ela fala de morte e solidão? Pronto! Acabou de estragar a felicidade do primeiro, a não ser que ele não seja influenciável.
Uma época tinha descoberto que música era poesia aplicada, bem mais divertida que a poesia pura. Pode até ser, dependendo da música. Mas atualmente estou bem mais concentrada no aspecto sonoro. Que pode até ser considerado poesia, se alguém inventar. Mas não se pode colocar em um papel. E as partituras? Nunca vão ser completas.