E a menina continua a pensar no branquinho de cabelos na altura do ombro, negros, lisos e brilhantes. Não sabe bem o que sente por ele. Lembra que achou ele atraente e gostou da conversa que tiveram. Mas faz tanto tempo... Talvez ele nem lembre dela. Talvez lembre. Talvez, assim como ela, espere ansiosamente um dia em que um aparecerá na frente do outro, por passe de mágica (ou coincidência mesmo. Fortaleza não é tão enorme assim).
Ela não acredita nisso. Mas espera cruzar com a criatura outra vez. Nem que seja pra ter raiva. Nem que seja pra ganhar mais um amigo. Só quer acabar com essa agonia. Quer ainda ter coragem pra dizer tudo o que sente. Mas o que sente? Talvez curiosidade de saber como seria um reencontro. Talvez vontade de ouvir de novo aquela voz mansa, tranquila, suave... Basicamente, obsessão.
Mas ela sabe que vai passar. Um dia. É só se fixar em outro. Lembra que esse menino fez esquecer o garotinho que esqueceu de pedir o telefone. E que esse garotinho ajudou a esquecer o carinha do sorriso único. E que esse...
Resolve parar de lembrar. Já basta um fantasma assombrando, pra quê vários? A coitada da menina só queria não pensar mais em ninguém. Ou, o que é melhor, ter alguém a seu lado, um pensando no outro. Não só pensando, mas praticando, amando, até brigando se for o caso, mas juntos.
A menina derrama uma lágrima. E continua a pensar no branquinho de cabelos na altura do ombro, negros, lisos e brilhantes. Não sabe bem o que sente por ele. Lembra que achou ele atraente e gostou da conversa que tiveram. Mas faz tanto tempo...