E hoje (ontem), voltando pra casa por um caminho que não costumo usar, passando em frente a uma loja de bichos, vejo três filhotinhos de cachorros. Muito fofos! Só deu uma certa pena de ver os bichinhos enjaulados (o interessante é que não tenho pena de passarinhos nas gaiolas. Já virou uma coisa tão comum que nem incomoda mais ver bichos feitos para voar presos dentro de uma gaiolazinha com as asas cortadas. Agora cachorro, que a gente vê mais solto... Tudo bem, muitas vezes vemos cachorros encoleirados ou presos em pequenas varandas e isso também não incomoda porque é comum. Então, fechando o parêntesis...).
E sei lá, às vezes a gente acha que cachorros são bichos bobos, mas aqueles ali eram inteligentes. Dois deles me olharam com aquela carinha de brinca comigo, me leva pra casa, enquanto o outro ficou paradão, deitadão, como se dissesse: eu estou fraco, tenha pena de mim! Acho que eles fazem isso de propósito, pra ver se alguém tira eles dali.
Como aqueles cachorros bem novinhos sabem tão bem comover a gente? Devem ter aprendido com a "mãe cachorra", que provavelmente já esteve em uma loja pra ser vendida. Ou então deduziram mesmo. E depois dizem que o homem é o único animal racional!
Sei que o homem produziu coisas que dificilmente algum animal produziria. Mas não acredito que o mundo foi criado para nós, por um ser à nossa imagem e semelhança. Por nosso estágio de desenvolvimento, aprendemos a modificar e manipular a natureza. Mas poderia ser diferente. Poderíamos ser hoje como macacos, e os cachorros poderiam ter atingido esse estágio de desenvolvimento. Nesse caso, provavelmente Deus seria um cachorro e eles fariam teorias explicando porque são os escolhidos para controlar a natureza. De repente, porque são os únicos animais racionais. Talvez criassem homens de estimação. Talvez, mesmo hoje, os animais tenham sua racionalidade, se comuniquem, façam história, e a gente não perceba. Quem sabe porque só achamos racional quem pensa como nós (e isso não se aplica só aos animais).
Cheguei perto dos cachorrinhos, deixei eles morderem minha mão (acho que é carinho, eles mordem de um jeito que não dói). Se tivesse dinheiro e fosse impulsiva, levaria um deles pra casa. Mas aqui não tem espaço, o coitado ia acabar preso na varanda, o pessoal de casa ia enjoar de brincar com ele, não ia ser bom... Sem contar com o trabalho que dá. Me despedi dos bichinhos, vi o olhar de tristeza deles e fui pra casa. Talvez eu passe por lá de novo, pra ver como eles estão, ver se o deitado tava com preguiça naquela hora ou se ele é sempre assim. Talvez não! Mas espero que eles saiam logo dali e arranjem boas casas pra morar!
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