Lembrei agora de um acontecimento dos tempos de col?gio. Tinha um professor de literatura que era metido a muito culto, muito erudito, e passava a aula falando mal do Paulo Coelho, da m?sica baiana, do Ratinho e da Tiazinha (que na ?poca estava no auge). Para avacalhar, o pessoal pregou um adesivo dela na mesa do professor e escreveu no bal?ozinho: "Eu tenho cutura".
Quando ele viu, tirou algumas brincadeiras com o trocadilho que a gente fez, como se a ?nica cultura dela fosse seu cu. Nada a favor da Tiazinha, ali?s ela sumiu sem fazer a menor falta. O professor, do mesmo jeito. A diferen?a ? que ele batia no peito pra dizer que tinha cultura, que isso era bom, que aquilo era ruim, enquanto ela rebolava sua bunda fazendo a alegria do macharal. Cada um cumprindo a sua fun??o social.
Enquanto um pequeno grupo define o que ? e o que n?o ? cult, as pessoas em geral continuam fazendo cultura, como sempre fizeram. Mas essa cultura ? desprezada, a n?o ser que algu?m do grupo pegue alguns elementos e d? uma nova roupagem, mais atraente para o grupo. Assim podem acreditar que respeitam a cultura popular.
Passei o carnaval em Pacoti, para ir ao festival de jazz e blues de Guaramiranga. Festival feito sob medida para essas pessoas (que al?m de tudo n?o suportam carnaval). Mas felizmente nem todos que querem passar um carnaval diferente fazem ou querem fazer parte do grupinho. Muita gente abriu a tampa da panela e entrou trazendo suas pr?prias caracter?sticas. Nossas pr?prias caracter?sticas. Nossas roupas de frio emprestadas, garrafas de bebida barata e espontaneidade.
Guar? foi bom. O melhor foi perceber que fomos maioria. Invadimos mesmo, assistindo aos shows gratuitos financiados pela elite cultural que pagava 30 reais por 2 horas no teatro. Curtimos qualquer tipo de m?sica que n?o fosse a mesma dos carnavais em outros lugares. Busc?vamos calma e algo diferente. Simplesmente! E alcan?amos! Aos que buscavam outra coisa, espero que tenham alcan?ado!